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C.G. Jung (1875-1961)

Carl Gustav Jung nasceu na pequena vila de Kesswil, no norte da Suíça. O seu pai era um pastor suíço e a sua mãe vinha de uma família de pastores da região de Basileia. Muitas das suas vivências de infância influenciaram o desenvolvimento das suas teorias sobre a Psique. 
Jung frequentou a universidade de Medicina em Basileia e formou-se em 1900. Após a sua formação universitária, assumiu um cargo no hospital psiquiátrico Burghölzli, em Zurique, sob a direção de Eugen Bleuler – na época, o principal psiquiatra da Europa. Sob a direção de Bleuler, Jung envolveu-se profundamente em experiências com o teste de associação de palavras, desenvolvendo uma variedade de mecanismos

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inovadores para testar respostas fisiológicas a palavras-estímulo individuais. A partir desse trabalho, desenvolveu os primeiros elementos da sua teoria dos complexos, que seria um aspecto central do seu pensamento posterior. Em 1906, depois de ler o livro “Interpretação dos Sonhos”, de Sigmund Freud, e várias outras obras de Freud, Jung iniciou uma troca de correspondência com o fundador da Psicanálise que levaria a um relacionamento intenso e significativo.  Freud referia-se a Jung como o seu herdeiro, o “príncipe herdeiro” da psicanálise. Jung, por sua vez, assumiu o papel de defensor das teorias de Freud contra a reação céptica e até hostil à Psicanálise da comunidade médica estabelecida. No entanto, as diferenças entre os dois ficaram evidentes desde o início, particularmente no que diz respeito à natureza do inconsciente, ao significado dos fenómenos extraordinários e à condução da pesquisa em Psicanálise. Em 1911, apenas cinco anos depois de se conhecerem, o relacionamento começou a deteriorar-se, à medida que Jung propôs várias revisões da teoria psicanalítica, que Freud não conseguiu aceitar. Em 1913, a relação entre Jung e Freud, que havia começado com tanta intensidade, rompeu-se com igual intensidade.
Após o rompimento com Freud, Jung iniciou um período de mergulho e de investigação do seu próprio inconsciente. De 1913 a 1916 esteve profundamente envolvido em práticas meditativas profundas com as quais extraía material do inconsciente na forma de imagens e narrativas complexas. Esse material, registado quase diariamente nos chamados Livros Negros (recentemente publicados), serviu de base para a composição do Livro Vermelho, um relato das experiências em que continuou a trabalhar e ilustrar até ao início da década de 1930. Foi a partir dessas experiências pessoais que Jung desenvolveu a técnica de Imaginação Ativa.
Neste período, Jung aprofundou igualmente a teoria da personalidade e, dessa investigação, resultou a publicação do seu livro, Tipos Psicológicos. Este movimento permanece ainda como uma das primeiras tentativas de sistematizar uma teoria da personalidade e a inspiração para um dos testes de personalidade mais utilizados, o Meyer-Briggs. Neste período, Jung dedicou-se ainda ao desenvolvimento dos conceitos centrais do inconsciente- a teoria do inconsciente coletivo- e do seu conteúdo, os arquétipos.  Durante a década de 1920 dedicou-se a uma investigação mais profunda do inconsciente coletivo, tanto através da sua prática clínica em Zurique, como através de extensas viagens pela América do Norte, África e Ásia. As s publicações desse período reflectem o seu interesse pela dimensão espiritual da experiência humana, que considerava um aspecto central da saúde psicológica. Uma orientação religiosa era, na sua opinião, intrínseca à psique humana, independentemente da forma precisa que assumisse, e atender a esse aspecto da vida era essencial não apenas para o bem-estar, mas também para o crescimento em direção à totalidade da vida, a que Jung se referiu como individuação.
A sua vida posterior foi, em muitos aspectos, dominada pela relação com o físico e figura de destaque no desenvolvimento da mecânica quântica, Wolfgang Pauli.  Desta troca um dos trabalhos mais importantes de Jung, Psicologia e Alquimia. O material dos sonhos de Pauli, desse período, tinha ressonâncias claramente alquímicas e, esse aspecto ajudou a moldar a teoria de Jung sobre a estrutura do inconsciente. Esta investigação colaborativa enfatizou a relação entre a psique e o mundo material, na forma da teoria da sincronicidade de Jung. mentalmente, a colaboração foi interrompida pela morte precoce de Pauli, mas juntos definiram uma área de pesquisa que continua a envolver tanto os Analistas Junguianos quanto os físicos quânticos.
Jung morreu em 6 de junho de 1961, em sua casa em Küsnacht, nos arredores de Zurique.  O legado de Jung é complexo. O seu impacto no desenvolvimento da psicoterapia, e mesmo na Psicanálise de Freud, é muito mais extenso do que muitas vezes se imagina. O seu impacto cultural foi profundo, sobretudo porque a sua teorização sobre a personalidade passou a moldar, não só a prática da psicoterapia, mas também a liderança e gestão de organizações. O vocabulário relacionado com inconsciente coletivo e imagens arquetípicas é um subtexto constante – quando não é realmente explícito – da análise da literatura, do cinema e das artes em geral. A sua ênfase na dimensão espiritual da psique humana e no seu papel no desenvolvimento psicológico ajudou a moldar os princípios dos Alcoólicos Anônimos e é cada vez mais reconhecida por psicoterapeutas, mesmo sem formação Junguiana, como essencial para a saúde mental. A sua influência também continua através da Associação Internacional de Psicologia Analítica (IAAP) e do trabalho da comunidade de Analistas reconhecida pela Associação.

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Este texto foi adaptado do site da IAAP após autorização prévia.

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